quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Conduta de um Pedagogo.
Valéria Korik Franco. Pedagoga Especializada D.I. – D.A. - Psicopedagoga.
pedagogakorik@hotmail.com
Há um ditado que diz “As palavras comovem e os exemplos se arrastam”
A postura do professor (a) é fundamental, e deve ser condizente com a função que exerce. Temos que formar nos alunos o domínio da vontade. Temos hora para tudo na vida. Na vida real não fazemos tudo que queremos, a toda hora. Isto se chama disciplina. A disciplina na escola existe para que formemos no aluno a capacidade de domínio da vontade. Quem não domina as pequenas ações (vontades) não será capaz de dominar no futuro os seus impulsos. Não é só o professor, toda a comunidade da escola (diretor, supervisor, orientadores, secretárias (os), funcionários, serventes, proprietários da cantina da escola, etc.) toda escola tem que ter conduta formativa. Caso contrário, não estamos formando, mas deformando o aluno.Tratar os alunos com respeito e dentro das normas estabelecidas na escola e na disciplina que leciona. A fixação de normas de conduta dos alunos deve ser fixada no primeiro dia de aula. Essas normas têm de ser coerentes com a faixa etária e possíveis de serem cumpridas. Não se fazem normas que não poderão ser cumpridas (por serem rígidas demais). A escola deve ter normas gerais de conduta do aluno e do professor que devem ser seguidas por todos. Essas normas devem ser estudadas pela comunidade da escola para que possam ser cumpridas. É preferível poucas normas, mas que sejam efetivas. Normas que são fixadas sem o devido estudo e depois tiradas levam a crer que não tinham objetivos formativos bem delineados e discutidos pela comunidade da escola. O Professor não pode ter uma conduta na escola e outra fora dela. A sua conduta pessoal na escola e fora tem que ser a mesma. Educada, formativa. O nosso comportamento é ditado pela aprendizagem.A aprendizagem prevê mudança de comportamento. Se mudarmos nosso comportamento é porque temos a certeza absoluta da importância de tal atitude para a nossa vida, para a comunidade e para nossa família. O professor tem que saber o porquê da escolha da profissão. Ser professor requer: dedicação, atenção constante aos pontos formativos de nossa conduta, domínio da vontade para dar o exemplo, maturidade emocional, fundamentação pedagógica das atitudes que toma, respeito aos pontos discordantes, não esquecer as diferenças individuais, fazer do trabalho escolar uma unidade de ação e não uma uniformidade, etc.Evidentemente, não é fácil administrar uma comunidade escolar composta de professores, coordenadores, supervisores, pais, funcionários, alunos, cada um com um ponto de vista.. Por este motivo, existem nas escolas as semanas de planejamentos. Discute-se, trocam-se idéias, ponderam-se atitudes, etc. Todo planejamento deve ser flexível para que possa ser redirecionado, revisto etc.A nossa responsabilidade na formação do aluno é muito grande. Trabalhamos com crianças, adolescentes, adultos, isto requer uma compreensão clara da pessoa humana e as suas relações e interações com as outras pessoas.A postura do professor está relacionada com o seu envolvimento no processo educativo dentro e fora da escola.A escola quer formar cidadãos conscientes que sejam agentes de transformação social. Em relação, a Lei de Diretrizes e Base da educação nacional prevê que “a reflexão sobre as diversas faces das condutas humanas deve fazer parte dos objetivos maiores da escola comprometida com a formação da cidadania. Partindo dessa perspectiva e em relação ao tema ética, traz a proposta de que a escola realize um trabalho que possibilite o desenvolvimento de autonomia moral, condição para a reflexão da ética. Para isso, foram eleitos como eixos do trabalho, quatro blocos de conteúdo: respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade, valores referenciados no princípio da dignidade do ser humano, um dos fundamentos da Constituição Brasileira”. Não obstante, nem só de liberdade vive a Ética. Há outros pressupostos ou condições básicas para que professor exercite a ética docente:
*Inclinação do profissional para a necessidade da formação ampla e isenta. O professor precisa ter sempre presente que exerce uma função pública. Cabe-lhe ter sempre consciência de que qualquer exemplo, comentário, ideologia, ou análise atingirá o meio social. Omitir-se, distorcer, alterar ou mudar os fatos significarão prejudicar a sociedade.
*Culto à verdade. Não é fácil definir ou encontrar a verdade. Cada um possui a sua, e a verdade total ou integral não é o resultado das verdades individuais. Importa ao professor estar conscientemente convencido de possuir a verdade, para comunicá-la, mesmo sabendo das imensas possibilidades de erro.
.*Honestidade. Para o exercício da ética é imprescindível ser honesto consigo mesmo e com a sociedade. Acreditar no que faz e não fazer porque dá status. Utilizar a educação para a satisfação de interesses, mesmo legítimos, significa ferir a ética.
*Capacidade. Um professor incapaz não poderá ser ético. Mesmo sendo honesto e cultor da verdade, precisa possuir a inclinação para a profissão, o gosto pela leitura, razoável cabedal cultural e conhecer as linhas gerais dos principais temas em debate na sociedade.
*Julgamento próprio. No exercício da sua função o professor é um solitário quando executa sua função principal frente aos seus alunos. Tudo depende dele.
.*Abertura ao debate. Os acontecimentos não podem ser reportados numa só mão. O professor está obrigado a questionar o que vê e ouve a dar a palavra aos contrários, sem fechar a questão. Uma tomada de posição implica em eleger valores, aceitar ou questionar normas, adotar uma ou outra atitude – e essas capacidades podem ser desenvolvidas por meio da aprendizagem. O professor está cada dia mais vulnerável frente a pais e alunos; constantemente julgado, pressionado, questionado em suas mínimas atitudes. Quando em julgamento deve-se lhe assegurar o mais amplo direito ao contraditório, apurar as circunstâncias em que o incidente se deu e, acima de tudo, protegê-lo, não do erro, mas do pré-julgamento.
*Aprimoramento constante. Sempre haverá o que aprender. Se um profissional se fecha no universo de suas fontes, seus conhecimentos e seu estilo acabarão encerrando o seu ciclo produtivo. Em nome da Ética e em consideração à sociedade que deve servir, precisa estar em dinâmica constante, ávido por descobrir novas realidades e compartilhá-las com colegas, nunca como detentor da última verdade. A discussão ética no trabalho vai necessariamente tomar outros rumos. A ética profissional deve alargar seus horizontes. Ser um bom profissional ainda não significa ser uma boa pessoa. O problema do trabalho não mais se restringe às questões da categoria profissional. A questão crucial é o trabalho no seu conjunto, onde as desigualdades sociais se aprofundam dia após dia.
Paulo Freire associa o conceito de ação ao conceito de compromisso. Segundo ele, compromisso é decisão lúcida e profunda do homem em usar sua capacidade de agir e refletir para se inserir criticamente no mundo numa atitude objetiva de compreensão da realidade, de luta para transpor os limites impostos pelo mundo, e atuando sobre ele, transformá-lo. Essa inserção crítica produz efeitos no exercício profissional que contribuem para o bem estar coletivo.
Qual seria, portanto, o papel do professor e como ele estaria enfrentando essa dualidade de trabalho que constrói e aliena?
O professor, segundo Luckesi (1994), é um ser humano construtor de si mesmo e da história através da ação, é determinado pelas condições e circunstâncias que o envolvem. É condicionado e condicionador da história. Tem um papel específico na relação pedagógica, que é a relação de docência. Na práxis pedagógica, o educador é aquele que, tendo adquirido o nível de cultura necessário para o desempenho de sua atividade, dá direção ao ensino e à aprendizagem. Ele assume o papel de mediador entre a cultura elaborada acumulada e em processo de acumulação pela humanidade, e o educando. Ele exerce o papel de um dos mediadores sociais entre o universal da sociedade e o particular do educando. Para tanto, o educador deve possuir algumas qualidades, tais como: compreensão da realidade para a qual trabalha comprometimento político, competência no campo teórico de conhecimento em que atua e competência técnico-profissional. A ação docente tem sentido e significado crítico, consciente e explícito. A alienação de seu trabalho ocorre quando ele ignora a realidade à sua volta, e reduz seu trabalho a uma rotina de sala de aula, cujo objetivo restringe-se à mera transmissão de informações, postura que não condiz com seu papel de educador.Educar é segundo Freire (1979), completar, porque o homem é ser inacabado, que sabe disso e por isso se educa. O saber se faz através de uma superação constante, por isso não pode o professor se colocar na posição do ser superior que ensina um grupo de ignorantes, mas sim na posição humilde daquele que comunica um saber relativo (é preciso saber reconhecer quando os educando sabem mais e fazer com que eles também saibam com humildade
)

terça-feira, 7 de agosto de 2007

ADAPTAÇÃO CURRICULAR

ADAPTAÇÃO CURRICULAR.
Valéria korik Franco. Pedagoga Especializada D.I – D.A. Psicopedagoga.
E-mail: pedagogakorik@hotmail.com

Ressaltamos que o conceito da Escola Inclusiva conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Especial (MEC/SEESP, 1998),
...implica uma nova postura da escola comum, que propõe no projeto político pedagógico, no currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educandos, ações que favoreçam a integração social e sua opção por práticas heterogenias. A escola capacita seus professores, prepara-se, organiza-se e adapta-se para oferecer educação de qualidade para todos, inclusive, para os educandos com necessidades especiais... Inclusão, portanto, não significa simplesmente matricular os educandos com necessidades especiais na classe comum, ignorando suas necessidades especificas, mas significa dar ao professor e a escola o suporte necessário à sua ação pedagógica.
Sendo assim, a Educação Especial já não é mais concebida como um sistema educacional paralelo ou segregado, mas como um conjunto de medidas que a escola regular põe ao serviço de uma resposta adaptada à diversidade dos alunos.
Foi neste parâmetro que no Brasil, a necessidade de se pensar um currículo para a escola inclusiva foi oficializada a partir das medidas desenvolvidas junto à Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação com a criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Neste documento explicita-se o conceito de adaptações curriculares, consideradas como:
..... estratégias e critérios de situação docente, admitindo decisões que oportunizam adequar a ação educativa escolar às maneiras peculiares de aprendizagem dos alunos, considerando que o processo de ensino-aprendizagem pressupõe atender à diversificação de necessidades dos alunos na escola (MEC/SEESP/SEB, 1998, p.15)
Portanto podemos falar em dois tipos de adaptações curriculares, as chamadas adaptações de acessibilidade ao currículo e as adaptações pedagógicas (SME-RJ, 1996).
Adaptações de acessibilidade ao currículo se referem à eliminação de barreiras arquitetônicas e metodológicas, sendo pré-requisito para que o aluno possa freqüentar a escola regular com autonomia, participar das atividades acadêmicas propostas para os demais alunos. Estas incluem as condições físicas, materiais e de comunicação, como por exemplo, rampas, de acesso e banheiros adaptados, apoio de intérpretes de LIBRAS e/ou capacitação do professor e demais colegas, transição de textos para Braille e outros recursos pedagógicos adaptados para deficientes visuais, uso de comunicação alternativa com alunos com paralisia cerebral ou dificuldades de expressão oral, etc...
As adaptações curriculares, de planejamento, objetivos, atividades e formas de avaliação, no currículo como um todo, ou em aspectos dele, são para acomodar os alunos com necessidades especiais.
Tornar real as adaptações curriculares é o caminho para o atendimento às necessidades específicas de aprendizagem dos alunos. Identificar essas “necessidades” requer que os sistemas educacionais modifiquem não apenas as suas atitudes e expectativas em relação a esses alunos, mas que se organizem para construir uma real escola para todos, que dê conta dessas especificidades.
A inclusão de alunos com necessidades especiais na classe regular implica o desenvolvimento de ações adaptativas, visando à flexibilização do currículo, para que ele possa ser desenvolvido de maneira efetiva em sala de aula, e atender as necessidades individuais de todos os alunos. De acordo com o MEC/SEESP/SEP 919980, essas adaptações curriculares realizam-se em três níveis:

* Adaptações no nível do projeto pedagógico (currículo escolar) que devem focar principalmente, a organização escolar e os serviços de apoio, propiciando condições estruturais que possam ocorrer no nível de sala de aula e no nível individual.

* Adaptações relativas ao currículo da classe, que se referem, principalmente, à programação das atividades elaboradas para sala de aula.

* Adaptações individualizadas do currículo, que focam a atuação do professor na avaliação e no atendimento a cada aluno.

Como vemos a Educação Inclusiva, sob a ótica curricular, significa que o aluno com necessidades especiais deve fazer parte da classe regular, aprendendo as mesmas coisas que os demais da classe, mesmo que de maneira diferente, cabendo ao educador fazer as necessárias adaptações. Essa proposta difere de práticas tradicionais, pois o educador terá que garantir o aprendizado de todos os alunos.
Um currículo que leve em conta a diversidade deve ser, antes de tudo, flexível, e passível de adaptações, sem perda de conteúdo. “Deve ser concebido tendo como objetivo geral a ‘redução de barreiras atitudinais e conceituais”, e se pautar em uma “resignificação do processo de aprendizagem na sua relação com o desenvolvimento humano”
Precisamos nos ater que pequenas modificações que o professor venha a fazer em termos de métodos e conteúdos, só não bastam. Pelo contrário, implica, sobretudo na re-organização do projeto político pedagógico de cada escola e do sistema escolar com um todo, levando em consideração as adaptações necessárias para a inclusão e participação efetiva de alunos com necessidades especiais em todas as atividades escolares.Sabemos que ensinar o aluno com deficiência é o grande desafio da Educação Inclusiva, pois é neste aspecto que a inclusão deixa de ser uma ideologia, e se torna ação concreta.Temos que nos ater que inclusão escolar não é o mesmo que inclusão social.A escola inclusiva é a que propicia ao aluno com necessidades especiais, a apropriação do conhecimento escolar, junto com os demais.Se essa dimensão for mascarada o aluno acabará aprendendo menos que no sistema especial,mesmo que socialmente ele se desenvolva e amplie seus horizontes.
Para que a inclusão escolar seja real o professor da classe regular deve estar sensibilizado e capacitado (tanto psicológica quanto intelectualmente) para mudar sua forma de ensinar e adaptar o que vai ensinar.
Temos que ter claro que inclusão não pode ser responsabilidade única da Educação Especial. Não é uma simples questão do professor de Educação Especial ditar ao professor da classe regular como trabalhar com esse aluno. Se não for desenvolvida uma dinâmica de trabalho integrado, estaremos criando um sistema especial dentro da escola regular, o que não é Educação Inclusiva.
Não podemos esquecer que avaliação no currículo inclusivo deve ser flexível, porém objetiva. Precisamos ter a preocupação com modelos de aprovação facilitada, pois se o aluno com deficiência acabar passando de série sem ter necessários conhecimentos estaremos reproduzindo os mesmos problemas do ensino especial. Por isso que estamos buscando um novo modelo educacional.
Temos que partir do pressuposto que a ação prioritária é a capacitação de professores, visando formação teórico-metodológico, que lhe permita se transformar em um professor que possa refletir e re-significar sua prática pedagógica para atender à diversidade do seu alunado.
Mas essa formação precisa ser contínua, incluindo troca de experiência e intercambio bem como atividades capacitadoras na própria escola sob forma de centros de estudo e discussão de casos, supervisão, etc. Para o sucesso de uma proposta de Educação Inclusiva é fator determinante um sistema de apoio para lidar com as necessidades especiais não só do aluno, mas também do professor da classe regular. E este sistema de suporte deve estar disponível aonde????? Essa é uma questão de nossa responsabilidade e temos que ter a resposta não há mais tempo para intenções e sim realizações.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Avaliação ponto de partida ou ponto de chegada?
Valéria Korik Franco. Pedagoga Especializada D.I. D.A. - Psicopedagoga
E-mail: pedagogakorik@hotmail.com


O título, que aparece ao alto provoca uma reflexão sobre a avaliação.
Até pouco tempo, a avaliação era pouco discutido nos programas dos congressos de educação e eventos congêneres. É evidente, que quanto mais congressos, seminários, eventos sobre avaliação foram promovidos, quanto mais publicações sobre o tema, quanto mais pesquisas e discussões se realizarem, mais nos preparamos no sentido de problematizá-lo, e tomar decisões. Vendo mais além, sobre que projeto de Nação queremos: o que inclui instituições e pessoas com dificuldades, ou o que as exclui.
Quando pessoas envolvidas com a Educação se reúnem para refletir sobre a avaliação da aprendizagem, na maioria das vezes não conseguem avaliar o quanto essas discussões são importantes e que repercussões elas tem para muito além das paredes da sala de aulas e dos muros da escola. Em suma, são por meio das prosaicas provas, trabalhos e verificações da aprendizagem na escola que se vai forjando, progressivamente, uma cultura da avaliação diagnóstica (inclusiva) ou a da classificatória (excludente).
A reflexão sobre avaliação implica discutir as questões do ensinar e do aprender e as concepções subjacentes a esses conceitos.
Para Luckesi (1980) a “avaliação na sala de aula tem que estar para além do autoritarismo”, fundamentada numa concepção de conhecimento, sociedade e educação, que possibilite ampliar a compreensão do processo avaliativo para além da verificação. O autoritarismo da avaliação exclui um fazer com a responsabilidade pelo aprender. Ela não é para o professor, mas para a emancipação do educando.
Temos tantos estudos e propostas e não se percebe o sentido maior da avaliação; a aprendizagem do aluno, suas histórias e contexto sociocultural.
A avaliação deve estar presente em todos os momentos, balizando o antes, o durante e o depois da ação pedagógica. “A avaliação não é um fim em si (...) é uma engrenagem no funcionamento didático e mais globalmente, na seleção e na orientação escolares. Ela serve para controlar o trabalho dos alunos e simultaneamente, para gerir fluxos” (PERRENOUD, 1999).
Em sentido contrário, existe a concepção de avaliação que verifica performances, para classificar, no sentido de separar os “competentes” dos “incompetentes”. Seu objetivo é claro excluir.
Na verdade o que acontece, é uma confusão, veremos nessa breve trajetória.
No desempenho do Ensino Fundamental, descobriu-se que reprovação não é a solução, apesar de ser fenômeno e estar na origem da evasão e da distorção idade/série.
Depois imaginando que aprendizagem e freqüência escolar se coincidiam. A Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB) mandou ampliar o ano letivo para 200 dias (a partir de 1997).
Para tal solução veio à proposta do “ciclo”, maneira flexível de organizar o percurso do Ensino Fundamental, em cada dois anos, o aluno avançaria sem problemas, dentro do seu ritmo pessoal. Não importando alfabetizar na 1ª. série, uma vez que se podia se entreter até a 2ª. , e, se ainda assim não fosse bem concluída, podia até mesmo a 4ª. série. Como vemos a boa intenção referia-se ao aluno em sua trajetória própria de aprendizagem, colocando-o no centro do processo não prazos e desempenhos fatais. Sendo que esta tese é reconhecida na literatura internacional (KOHN, 1999; SENGE, 2000; MAERROFF, 2003; DUFOUR/EAKER, 1998) e consagra o princípio de que escola precisa focar a aprendizagem do aluno obsessivamente, através da progressão continuada: o aluno deve poder ser aprovado série a série, natural e seqüencialmente.
Em vez da progressão continuada o que veio foi à progressão automática, através da qual o aluno é empurrado para cima de qualquer maneira. Onde a aprendizagem do aluno já não é a obsessão da escola, mas a sua aprovação.
Como vemos, os resultados são desastrosos: reprova-se menos e aprende-se menos; têm-se mais aulas e aprende-se menos. Abusando da flexibilidade dos ciclos, estes se tornaram intermináveis e incontroláveis. Quase todos passam de ano, mas quase nada se aprendem. Alfabetizar na 1a. série, resultado normal de outros tempos, parece impossível. Respeitar o ritmo de cada um não pode significar ritmo nenhum. Segundo Grossi (apud Geempa, s.d.), a criança pode ser alfabetizada em três meses, desde que inserida em ambiente escolar adequado, principalmente que tenha a seus redores profissionais comprometidos.
O que temos de real é que tantos estudos e propostas e não se percebe o sentido maior da avaliação: o processo de ensino e de aprendizagem, como o aluno pensa. O pensar é uma forma de aprender.
A avaliação de que precisamos é aliada do aluno e do professor. Não se avalia para punir, classificar, selecionar e nem excluir, mas para incluir. A avaliação como inclusão não perde seu valor e a seriedade que a caracterizam.Pelo contrário, avalia-se para que realmente todos os alunos aprendam.
Em suma, a avaliação pode contribuir para que se rompa com o paradigma da transmissão de conhecimento e se desenvolva um paradigma em que o conhecimento é construído interativamente. Ou, ainda, para que o ensino uniforme dê lugar a um ensino diferenciado que responda às necessidades de todos e de cada um dos educando.




“A vigilância do meu bom senso tem uma
importância enorme na avaliação que, a todo
instante, devo fazer de minha prática”.
PAULO FREIRE.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Avaliação Curricular para a Educação Infantil e Séries Iniciais em Função do Ensino Fundamental de Nove Anos.
. Valéria Korik Franco. Pedagoga Especializada D.I-D. A. Psicopedagoga.
E-mail: pedagogakorik@hotmail.com


Com base na Lei no. 11.274/2006, o Brasil ampliou o Ensino Fundamental,
atendendo crianças de seis anos no 1º. ano. Atualmente, vários sistemas de ensino estaduais e municipais estão desenvolvendo ou implantando o Ensino fundamental de nove anos.
Portanto mais crianças serão atendidas, com maiores oportunidades de acesso ao conhecimento. Com a ampliação do Ensino Fundamental, muitas questões precisam ser analisadas e reavaliadas,tanto as de caráter pedagógico,como as de caráter administrativo.Com essa ampliação, será necessário rever as funções da Educação Infantil, bem como das séries iniciais.
Cabe às escolas a adequação e a implantação de mais um ano no início da etapa escolar do Ensino Fundamental, o que deverá ocorrer até 2010.
A inclusão dessas crianças tem provocado algumas discussões acerca da idade, pois conforme prevê a lei, as crianças que freqüentam o 1º. ano do Ensino Fundamental de 9 anos deverão completar a idade de 6 anos até o inicio do período letivo. Alguns Conselhos Estaduais já deliberaram a alteração das idades, com recomendações e critérios diferentes. Cada escola deverá buscar apoio e orientações junto ao Conselho Estadual de Educação.
Vemos que aos educadores, não cabe somente uma discussão sobre a idade, mas sim, como atender as crianças.
Agora precisamos repensar a educação para essa faixa etária, pois não se trata apenas de repassar os conteúdos e programas da última etapa da pré-escola.
Também não podemos adiantar a escolarização da 1º. Série do Ensino Fundamental de oito anos, para este nível de ensino. Portanto, é preciso rever os currículos, como também, a reorganização dos tempos e espaços escolares, as formas de ensinar, de aprender e avaliar.
Temos que lembrar o Ensino Fundamental de 9 anos vem para garantir o atendimento de crianças a partir de 6 anos. Precisamos repensar nas concepções de infância, promovendo para o 1º. ano várias situações educativas que permitam a criança o brincar, o pensar, por meio de situações que levem a descoberta do meio natural e social aproximando da aquisição da escrita, o acesso a todas as manifestações culturais e artísticas.
Portanto, devemos repensar sobre quais os saberes escolares que atenderão os alunos em cada etapa escolar, tanto na Educação Infantil, como nos primeiros anos do Ensino Fundamental.
Para organizar os currículos escolares, teremos que refletir sobre algumas questões:
- O que é preciso ensinar na Educação Infantil?
- Qual a diferença entre o currículo da última etapa da pré-escola e do 1º. ano do Ensino Fundamental de nove anos?
- A quem cabe a tarefa de educar as crianças do 1º. ano do Ensino Fundamental?
- Como deve ser os espaços escolares do 1º. ano do Ensino Fundamental?
- Qual a metodologia adequada que respeite as diferenças entre as crianças?
- Quais os referenciais curriculares que o professores do 1º. ano deverão utilizar?
Nosso referencial é que na Educação Infantil, o atendimento as crianças se limita até os cinco anos de idade, por isso precisamos rever os critérios da seleção de conteúdos, do processo avaliativo. Os princípios, as competências e habilidades a serem desenvolvidas. Oferecer oportunidades para que a criança descubra o mundo, investigando com o seu olhar e com a contribuição de adultos, para ter possibilidade de um desenvolvimento tanto cognitivo, quanto afetivo,social e físico.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental é necessário que as instituições de ensino ofereçam possibilidades educativas que permitam á criança o acesso ao mundo letrado, o desenvolvimento da competência comunicativa e do raciocínio lógico, atividades que abranjam os processos formativos, dando acesso ao conhecimento e a cultura.
A ampliação do Ensino Fundamental assegurará as crianças que ainda não freqüentavam a Educação Infantil, a terem acesso ao conhecimento mais cedo, pra que de forma autônoma, crítica, participe da sociedade. O aumento de tempo não significa que devemos interromper a infância, e sim incluir a criança para que desde cedo ela aprenda a valorizar a vida, preservá-la e ter o direito de viver melhor.





"Ninguém educa ninguém. Ninguém se educa sozinho. Os homens se educam juntos, na transformação do mundo. (PAULO FREIRE).

terça-feira, 10 de julho de 2007

ALFABETIZAR NA PRÉ-ESCOLA? SIM OU NÃO E AGORA?
Valéria Korik Franco. Pedagoga Especializada D.I-D.A. Psicopedagoga.
O segmento de ensino-aprendizagem é bastante complexo e para melhor compreendê-lo devem-se conhecer as etapas do desenvolvimento humano, as influências e contribuições de fatores importantes nesse processo; a criança inicia a aprendizagem desde o ventre de sua mãe e continua por toda a vida, porém é a partir do nascimento que o ser humano participa ativamente de seu desenvolvimento. Para a aprendizagem de conteúdos científicos na escola, a criança necessita de algumas condições básicas para aprendê-los, condições estas que dependem do desenvolvimento, influências do meio, entre outros fatores, ou seja, são pré-requisitos básicos para compreender novos conteúdos e assim por diante.
Porém, percebe-se que muitas crianças apresentam dificuldades relacionadas à aprendizagem principalmente no período da alfabetização, o que pode estar vinculado a inúmeros fatores, como: estímulos precários, problemas neurológicos, condições físicas e emocionais, ou seja, faltam as condições básicas. No entanto, o que muitas vezes acontece é a cobrança exagerada, a exigência na hora de aprender a ler e escrever mesmo a criança não estando preparado para assimilar esse tão complexo processo, o que se torna um dos principais fatores, que leva pais e professores a tratarem o aluno como portador de dificuldade de aprendizagem.
Cada criança tem um momento próprio de aprender e quando há falta de estímulos ou uma grande cobrança no momento da alfabetização pode causar uma demora no aprender, o que é confundido com a dificuldade de aprendizagem. É aí, que podemos perceber claramente a importância e a função da pré-escola, pois é quando a criança deverá ser estimulada e preparada para a alfabetização, trabalhando os pré-requisitos nos aspectos: cognitivo, motor e afetivo/social.
Embora tenhamos claro que cada criança é um ser único, muitas vezes trabalhamos numa sala de aula como se fossem todos iguais, tardando a aquisição de conteúdos para alguns alunos, e ainda se faz uma comparação entre eles e não se observa os progressos obtidos por cada um em diferentes momentos da vida escolar, principalmente durante o processo de alfabetização. Assim, o que pretendemos é justificar a importância das condições iniciais para a aprendizagem, como a criança se desenvolve em todos os aspectos e para isto podemos buscar embasamento nos principais autores que tratam sobre as teorias de desenvolvimento, como: Freud, Erickson, Piaget, etc. Mostrando assim, que deve ser respeitado o ritmo de cada indivíduo, bem como, dar condições mínimas de aprendizagem. Tendo em vista que o estímulo que a criança recebe nos primeiros anos na escola será determinante para o processo de aquisição de conhecimento futuros, principalmente a alfabetização.
No caso da leitura e da escrita, como nos demais, terá maior sucesso no ensino dessas habilidades, a criança
que for estimulada desde cedo. De modo geral, entre o 5º e o 8º ano de vida, as crianças apresentam prontidão, para ler e escrever. No entanto há diferenças individuais entre elas, o que deve ser observado e trabalhado sem demasiadas exigências, porém auxiliar as crianças que necessitem.
Emília Ferreiro (2001) define como um processo, e que alfabetizar é construir conhecimento que tem início muito cedo e que não termina nunca. Este fato se constata no dia a dia de cada indivíduo, pois desde cedo convive com as mais numerosas formas de informações produzidas e interpretadas pelos adultos, nos mais variados contextos, ou seja, vê letreiros em cartazes, jornais, revistas, televisão, placas, etc. Para que a criança faça relação com a escrita que tem contato fora da escola e dentro é necessário apresentar todo tipo de material escrito que for possível para a sala de aula. Como nos afirma Emília Ferreiro. “Em cada classe de alfabetização deve haver um “canto ou área de leitura” onde se encontrem não só livros bem editados e bem ilustrados, como qualquer material que contenha escrita...” (FERREIRO, 2001, p.33)
Assim já vai tendo certas hipóteses a respeito do que seja ler e escrever. Vê-se então que a criança não espera chegar à idade certa ou que alguém se disponibilize a ensiná-la, mas vai aos poucos, naturalmente se alfabetizando. Com isso não se pretende dispensar o professor, mas sim alertá-lo para que antes de iniciar o seu trabalho conheça a sua turma e o nível que cada um se encontra para assim desenvolver atividades que ajudem seus alunos a se desenvolverem.
Emilia Ferreiro, (1999) buscou na teoria de Piaget a explicação sobre o desenvolvimento da criança no ato de ler e escrever, do ponto de vista cognitivo. Segundo ela toda criança passa por quatro fases até que seja alfabetizada: pré-silábica, somente joga as letras, sem conseguir relacioná-las com a língua falada; silábica, interpreta a letra a sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada letra; silábico-alfabética mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas; alfabética, domina o valor das letras e sílabas.
Com relação às crianças provenientes do meio que não proporciona este contato com a leitura e a escrita, será um tanto mais complexo este processo. Com certeza se fará necessário um pouco mais de estimulação, mostrando-lhe a sua importância, já que até então as pessoas com as quais convive não o fizeram, pois estas muitas vezes não são alfabetizadas ou não usam a leitura e a escrita para a sua sobrevivência, ou melhor, no seu trabalho, não dando assim o seu devido valor. Relacionado a isto, está à questão da necessidade de partir do contexto em que a criança está inserida para que a aprendizagem possa ter significado. O professor deve propor também atividades que favoreçam a reflexão da criança sobre a escrita, porque é pensando que ela aprende.
Como nos fala Emília Ferreiro, a educação infantil depara-se com duas situações, que podem ser chamadas de extremas. São elas: educação infantil vista somente como espaço de recreação ou como local de alfabetização forçada.
A primeira é entendida como espaço de lazer, brinquedo, alimentação, sem nenhuma preocupação pedagógica, voltada somente para cuidá-lo. Cuidar das crianças para que os pais pudessem trabalhar, tendo um local seguro onde pudessem deixar seus filhos. Já na segunda a educação infantil, principalmente no período da pré-escola tem como principal objetivo à alfabetização, chamada de alfabetização forçada onde o aluno deve realizar diversas atividades visando à alfabetização. Atividades estas, muitas vezes desconectadas da sua vida, mecânica, onde a criança aprende somente através da memorização de letras e sílabas.
Por outro, lado hoje está se buscando novas concepções que vêem a pré-escola como um ambiente que deve permitir a criança o seu desenvolvimento integral, ou seja, físico, social, intelectual e emocional.
Neste sentido, cabe a pré-escola além de trabalhar a parte de recreação e socialização, contribuir para o desenvolvimento cognitivo da criança, preparando-a para a aprendizagem da linguagem oral e escrita e dos outros conhecimentos necessários para o seu desenvolvimento integral. Não priorizando nenhum dos aspectos, mas colocando cada um com sua devida importância.
Surge então a pergunta que está tão presente no dia a dia de pais e professores de crianças pertencentes a esta faixa etária. A pré-escola deve ou não alfabetizar? Com certeza a resposta deve ser dada pela própria criança, pois a alfabetização vai depender do ritmo de vida de cada criança, para a alfabetização. Sendo que a alfabetização em si é um processo natural, um caminho diverso para cada criança, no entanto, a estimulação e a mediação são de suma importância.
Estas deverão ser feitas pelos pais, professores e demais pessoas que a circundam, oferecendo oportunidades para que ela faça as suas próprias interpretações sobre o mundo em que vive. Como processo natural não deverá ser precipitado, mas muito menos negado. Deve ser sim estimulado de forma prazerosa.
Por isso, as salas de pré-escola e classes iniciais devem ser de fato um ambiente alfabetizador, onde são oferecidos e trabalhados todos os tipos de materiais para que, através da observação, comparação, classificação e reflexão, as crianças possam descobrir a importância da leitura e da escrita, procurando se apropriar dela, e assim, construindo seu conhecimento. Desta forma, a criança terá maior facilidade em toda a sua vida escolar, assimilando os conteúdos e interagindo com o contexto educacional.
A aprendizagem na educação infantil deve partir de uma proposta pedagógica, que tenha como princípio o respeito ao contexto do qual a criança participa, bem como, valorizando o saber, o conhecimento que elas trazem para a escola.
Os profissionais que trabalham com a pré-escola devem se conscientizar que o seu trabalho não é só preparar estas crianças para as séries iniciais do ensino fundamental, mas para o resto da vida, pois é no período de zero a seis anos que são lançadas as bases para todas as aprendizagens futuras.
Uma função importante da pré-escola é a grande contribuição para o processo de alfabetização, onde é proposta diariamente atividade em que ela possa desenvolver o uso da leitura e da escrita, mesmo que ainda não haja um domínio formal e sistematizado dos códigos lingüísticos, mas que serve para o desenvolvimento do pensamento da criança. Porém o professor não deverá exigir tampouco impedir que o aluno se alfabetize. Mas sim, dar condições para que a criança aprenda, para que ela própria construa o seu conhecimento, desenvolvendo todas as suas potencialidades, num processo natural e gradativo, levando em consideração o ritmo próprio da criança e suas condições cognitivas. As atividades devem ser ricas, vivas e dinâmicas que trabalhem também o aspecto afetivo.
A pré-escola não deve ter como única finalidade a leitura e a escrita, mas considerar a alfabetização como leitura da realidade que a cerca, pois desta forma, ela pode contribuir para desenvolver a capacidade da criança de ver as coisas, interpretar uma história, um fato, distinguir cores, formas, tamanhos, através de símbolos não escritos, como dobraduras, maquetes, desenhos, pinturas, modelagens, etc.
O importante será a estimulação na criança para essa pré-leitura e pré-escrita. Pois permitirá a criança aprender, oferecendo-lhe múltiplas oportunidades para interagir com a língua escrita, permitindo-lhe assistir a atos de leitura e escrita realizada pelo professor dando-lhe assim a oportunidade de escutar a leitura em voz alta, despertando o interesse e a curiosidade, para ela também poder ler para o professor, escrever e desenhar.
Desde muito cedo a criança tem contato com a leitura e a escrita, pois está cercada de placas, jornais, revistas, dentre outros. Cabe ao professor trazer esta experiência para a sala de aula e transformá-la numa experiência coletiva. O papel da pré-escola é o de fazer a criança compreender o que é a escrita e as suas funções e não apenas fazê-la compreender os escritos, ou seja, codificar e decodificar.
É preciso também o trabalho com as diversas formas de linguagem, dramatização, artes, montagem de álbuns, acesso a revistas, confecções de bilhetes, permitindo que as crianças vivenciem todas as formas de linguagem utilizadas pela sociedade, permitindo-lhes aprendê-las e usá-las para se expressar.
Outra função muito importante na pré-escola é o brincar, pois a criança necessita de ação, de movimento. A escola então deve organizar a energia do aluno de forma produtiva através das atividades, jogos e brincadeiras que envolvam a um só tempo, ação, aprendizagem e prazer. É através das brincadeiras que a criança irá compreender as pessoas, as situações e as experiências, aprendendo a conhecer a si própria, os outros e o mundo que a cerca. Organizando suas brincadeiras ela irá interagir com os colegas e disso resultará a aprendizagem.





E-mail: pedagogakorik@hotmail.com
Alunos com deficiência incluídos e agora como avaliar???
Valéria Korik Franco. Pedagoga Especializada DI – DA. – Psicopedagoga.

Em tempos atrás a chamada “inclusão” educacional era só para alunos com deficiência que acompanhavam a turma. Se for assim, bastava que fossem avaliados da mesma maneira tradicionais, e, aqueles que não acompanhavam estavam excluídos, e o problema resolvido. O interessante é que isso não acontecia apenas com alunos com deficiência, mas só agora a questão começa a ser discutida. Na atualidade, está crescendo a noção de que tem algo de errado na situação de exclusão. Cresce também a noção de que aquele que acompanha a turma, nunca foi impedido de freqüentar escola, portanto se falamos em inclusão educacional, estamos falando de situações realmente diferenciadas. Mas, como mantê-los na escola, permitir que acessem os níveis mais elevados do ensino, nos termos da nossa constituição, diante do nosso método tradicional e por que não dizer, linear, de avaliação?????
Não podemos esquecer que temos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) que nos diga.
De acordo com a LDEBEN: 1- a organização em turmas não precisa se feita com base no rendimento, ao contrário, pode ser feita de acordo com critérios bastante amplos, inclusive idade, afinidade por projetos, etc.; 2- escrita, leitura e cálculo (04 operações) são objetivos a serem alcançados até o final do ensino fundamental, portanto, aluno nenhum poderia ser impedido de prosseguir porque ainda não aprendeu isso até as chamadas terceira ou quarta séries; 3- a avaliação é válida para conhecer o aluno e seus progressos, possibilitando a identificação do que ainda precisa ser mais bem trabalhado, e não para rotular crianças; 4- há total liberdade quanto à forma de avaliação, logo, ela pode ser feita com base em relatórios bimestrais, etc., e não necessariamente com base em notas.
Como vemos isto é real e lógico, mas a crença tradicional do tipo: “senão tiver nota o aluno não estuda”, parece ter mais força do que todos os dispositivos constitucionais e legais aplicáveis. Mas o que ainda vemos são escolas que o incentivo para o acesso ao saber seja uma nota. Há escolas que já se libertaram dessa necessidade, ou então, mesmo atribuindo nota o faz de acordo com as potencialidades de cada indivíduo. Essas lidam com a diversidade de níveis de desenvolvimento numa mesma sala de aula. O resultado é o de que temos alunos aprendendo com base no interesse. E quem aprende assim não esquece a matéria. “Há também, nesses locais os alunos que não aprendem ““ escrita, leitura e cálculo”, não porque a escola não lhes ensina, mas porque têm limitações para esse tipo de aprendizado. Eles também são avaliados pelo progresso que tiveram, e esse progresso pode indicar outros enfoques que a escola poderia trabalhar com todos os alunos, provando que a diversidade só enriquece.
Como vemos é lamentável, quando uma escola ainda chama certos alunos de incluídos e ainda tenta descobrir uma forma diferenciada de avaliação, está longe de estar praticando uma educação PARA TODOS.
EDUCAÇÃO PARA TODOS.
VALÉRIA KORIK FRANCO – Pedagoga Especializada DI – DA. Psicopedagoga.
Refletir sobre as questões de uma escola de qualidade para todos soba perspectiva sociocultural significa que nós temos de considerar, dentre outros fatores, a visão ideológica de realidade construída sócio e culturalmente por aqueles que são responsáveis pela educação. Julgamentos de "deficiência", "privação cultural" e "desajustamento social ou familiar" são todas construções culturais elaborados por uma sociedade que privilegiam alguns. E geralmente a um grupo social com mais poder na dinâmica da sociedade. Não é raro se ver dentro do ambiente escolar a visão estereotipada de que crianças vivendo em situação de pobreza e sem acesso a livros e outros bens culturais são mais propensas a fracassar na escola ou a requerer serviços de educação especial. Isto porque essas crianças não cabem na idéia construída pelo ideal de escola ou ainda, porque essas crianças não aprendem do mesmo jeito ou na mesma velocidade esperada por educadores e administradores. Estereótipos pervadem a prática pedagógica e são resultados da falta de informação e conhecimento que educadores e administradores têm a respeito da realidade social e cultural, como também do processo de desenvolvimento cognitivo e afetivo das crianças atendidas pelas escolas. A prática de classificar e categorizar crianças baseado no que estas crianças não sabem ou não podem fazer somente reforça fracasso e perpetua a visão de que o problema está no indivíduo e não em fatores de metodologias educacionais, currículos, e organização escolar. Incluir não é somente delegar à criança um espaço físico em sala de aula, mas, oportunizar o indivíduo atividades significativas capazes de promover seu desenvolvimento. Inclusão (todos por um e um por todos) é uma filosofia que encara a diversidade de potencialidades, necessidades e capacidades desejáveis, trazendo a toda e qualquer comunidade, principalmente,a oportunidade de responder de forma que conduza ao aprendizado. Uma escola só pode ser considerada inclusiva quando cumprir seus princípios, sua política e suas ações, quando estiver correspondendo aos critérios que a norteiam e fundamentando um sistema de ensino que possa abranger todos os alunos. As escolas devem desenvolver uma pedagogia centrada na criança, mas capaz de educar a todos. Está na hora de darmos um basta neste tipo de “educação da deficiência” e passarmos para uma “educação das potencialidades”, Aceitarem e valorizar a diversidade de classes sociais, de culturas, de estilos individuais de aprender, de habilidades, de línguas, de religiões e etc., é o primeiro passo para a criação de uma escola de qualidade para todos.Educar indivíduos em segregadas salas de educação especial significa negar-lhes o acesso às formas ricas e estimulante de socialização e aprendizagem que somente acontecem na sala de aula regular devido à diversidade presente neste ambiente. A pedagogia de inclusão baseia-se em dois importantes argumentos. Primeiramente, inclusão mostrou-se ser beneficial para a educação de todos os alunos independente de suas habilidades ou dificuldades. Revelaram que crianças em demanda por serviços especiais de atendimento apresentaram um progresso acadêmico e social maior que outras crianças com as mesmas necessidades de serviços especiais, mas educadas em salas de aula segregadas. Isso pode justificar-se pela diversidade de pessoas e metodologias educacionais existentes em sala de aula regular, pela interação social com crianças sem diagnóstico de necessidade especial, pela possibilidade de construir ativamente conhecimentos, e pela aceitação social e o conseqüente aumento da auto-estima das crianças identificadas com "necessidades especiais".O segundo argumento baseia-se em conceitos éticos de direito do cidadão. Escolas são construídas para promover educação para todos, portanto todo o indivíduo tem o direito de participação como membro ativo da sociedade na qual estas escolas estão inseridas. Toda criança tem direito a uma educação de qualidade onde suas necessidades individuais possam ser atendidas e aonde elas possam desenvolver-se em um ambiente enriquecedor e estimulante do seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social.Todos estes estudos nos mostram que inclusão é possível e que inclusão aumenta as possibilidades dos indivíduos identificados com necessidades especiais de estabelecer significativos laços de amizade, de desenvolverem-se físico e cognitivamente e de serem membros ativos na construção de conhecimentos. Portanto falando de inclusão podemos definir de muitas formas o conceito de inclusão, porém sem perder o seu fundamento principal. Inclusão é ter crianças – com ou sem deficiências ou dificuldades – aprendendo conjuntamente em pré-escolas, faculdades e universidades "Por que Inclusão?" - pode ser respondida simplesmente desta forma: "Porque inclusão funciona." O principal ponto da pedagogia de inclusão é que todos os indivíduos podem aprender uma vez que eu professor identificamos o quê estes indivíduos sabem, planejamos em torno deste prévio conhecimento, e conhecemos o estilo de aprender e as necessidades individuais dos nossos alunos. Todos os alunos podem se beneficiar das metodologias de inclusão. Escolas devem se tornar um lugar de aprendizagem para todos. Nós não podemos nos dar ao luxo de criar currículos e programas educacionais que somente favorecem uma parcela privilegiada da sociedade, seja em termos econômicos ou em termos de agilidades físicas e cognitivas. Nós precisamos ter currículos e programas que proporcionem uma educação de qualidade para todos. Tendo como partida que os conceitos inclusivistas adotam, como não poderiam deixar a progressão continuada e a promoção automática. Devemos avaliar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente, na medida de suas necessidades, disse Ruy Barbosa. E é essa a essência da avaliação em uma Escola para Todos, pois cada pessoa possui um ritmo diferente e assim diferentemente avaliado.A formação do professor também não é especial, pois todos os professores devem ser especialistas. Especialistas nos seus alunos e não nas deficiências.O conhecimento científico permite ao educador elaborar o seu próprio currículo de acordo com o seu alunado e o contexto histórico-social, estabelecendo um planejamento flexível ao grupo e a cada criança em sua singularidade, utilizando-se de metodologias eficazes.A melhor formação dos educadores é a de que ele deve firmar-se numa transformação que possa englobar todas as crianças, com necessidades ou não. A inclusão não prevê a utilização de métodos e técnicas de ensino específico para esta ou aquela necessidade especial. Os alunos irão aprender até o limite em que conseguirem chegar, se o ensino for de qualidade e o professor ajudar.A inclusão, portanto:* estimula a solução de problemas;* respeita a faixa etária;* estimula o sentimento de ajuda;* estimula a troca de valores em todos os níveis;* estabelece que sociedade/Escola/Família=Trilogia do sucesso;* propõe a prática acima de teorias;* não é necessária formação especial dos envolvidos;* interrompe o processo de acomodação por inércia por parte de todos;* estimula professores a buscar alternativas pedagógicas;* nivela a todos em patamares mais humanizados de conduta;* estimula o senso de responsabilidade social.