terça-feira, 10 de julho de 2007

EDUCAÇÃO PARA TODOS.
VALÉRIA KORIK FRANCO – Pedagoga Especializada DI – DA. Psicopedagoga.
Refletir sobre as questões de uma escola de qualidade para todos soba perspectiva sociocultural significa que nós temos de considerar, dentre outros fatores, a visão ideológica de realidade construída sócio e culturalmente por aqueles que são responsáveis pela educação. Julgamentos de "deficiência", "privação cultural" e "desajustamento social ou familiar" são todas construções culturais elaborados por uma sociedade que privilegiam alguns. E geralmente a um grupo social com mais poder na dinâmica da sociedade. Não é raro se ver dentro do ambiente escolar a visão estereotipada de que crianças vivendo em situação de pobreza e sem acesso a livros e outros bens culturais são mais propensas a fracassar na escola ou a requerer serviços de educação especial. Isto porque essas crianças não cabem na idéia construída pelo ideal de escola ou ainda, porque essas crianças não aprendem do mesmo jeito ou na mesma velocidade esperada por educadores e administradores. Estereótipos pervadem a prática pedagógica e são resultados da falta de informação e conhecimento que educadores e administradores têm a respeito da realidade social e cultural, como também do processo de desenvolvimento cognitivo e afetivo das crianças atendidas pelas escolas. A prática de classificar e categorizar crianças baseado no que estas crianças não sabem ou não podem fazer somente reforça fracasso e perpetua a visão de que o problema está no indivíduo e não em fatores de metodologias educacionais, currículos, e organização escolar. Incluir não é somente delegar à criança um espaço físico em sala de aula, mas, oportunizar o indivíduo atividades significativas capazes de promover seu desenvolvimento. Inclusão (todos por um e um por todos) é uma filosofia que encara a diversidade de potencialidades, necessidades e capacidades desejáveis, trazendo a toda e qualquer comunidade, principalmente,a oportunidade de responder de forma que conduza ao aprendizado. Uma escola só pode ser considerada inclusiva quando cumprir seus princípios, sua política e suas ações, quando estiver correspondendo aos critérios que a norteiam e fundamentando um sistema de ensino que possa abranger todos os alunos. As escolas devem desenvolver uma pedagogia centrada na criança, mas capaz de educar a todos. Está na hora de darmos um basta neste tipo de “educação da deficiência” e passarmos para uma “educação das potencialidades”, Aceitarem e valorizar a diversidade de classes sociais, de culturas, de estilos individuais de aprender, de habilidades, de línguas, de religiões e etc., é o primeiro passo para a criação de uma escola de qualidade para todos.Educar indivíduos em segregadas salas de educação especial significa negar-lhes o acesso às formas ricas e estimulante de socialização e aprendizagem que somente acontecem na sala de aula regular devido à diversidade presente neste ambiente. A pedagogia de inclusão baseia-se em dois importantes argumentos. Primeiramente, inclusão mostrou-se ser beneficial para a educação de todos os alunos independente de suas habilidades ou dificuldades. Revelaram que crianças em demanda por serviços especiais de atendimento apresentaram um progresso acadêmico e social maior que outras crianças com as mesmas necessidades de serviços especiais, mas educadas em salas de aula segregadas. Isso pode justificar-se pela diversidade de pessoas e metodologias educacionais existentes em sala de aula regular, pela interação social com crianças sem diagnóstico de necessidade especial, pela possibilidade de construir ativamente conhecimentos, e pela aceitação social e o conseqüente aumento da auto-estima das crianças identificadas com "necessidades especiais".O segundo argumento baseia-se em conceitos éticos de direito do cidadão. Escolas são construídas para promover educação para todos, portanto todo o indivíduo tem o direito de participação como membro ativo da sociedade na qual estas escolas estão inseridas. Toda criança tem direito a uma educação de qualidade onde suas necessidades individuais possam ser atendidas e aonde elas possam desenvolver-se em um ambiente enriquecedor e estimulante do seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social.Todos estes estudos nos mostram que inclusão é possível e que inclusão aumenta as possibilidades dos indivíduos identificados com necessidades especiais de estabelecer significativos laços de amizade, de desenvolverem-se físico e cognitivamente e de serem membros ativos na construção de conhecimentos. Portanto falando de inclusão podemos definir de muitas formas o conceito de inclusão, porém sem perder o seu fundamento principal. Inclusão é ter crianças – com ou sem deficiências ou dificuldades – aprendendo conjuntamente em pré-escolas, faculdades e universidades "Por que Inclusão?" - pode ser respondida simplesmente desta forma: "Porque inclusão funciona." O principal ponto da pedagogia de inclusão é que todos os indivíduos podem aprender uma vez que eu professor identificamos o quê estes indivíduos sabem, planejamos em torno deste prévio conhecimento, e conhecemos o estilo de aprender e as necessidades individuais dos nossos alunos. Todos os alunos podem se beneficiar das metodologias de inclusão. Escolas devem se tornar um lugar de aprendizagem para todos. Nós não podemos nos dar ao luxo de criar currículos e programas educacionais que somente favorecem uma parcela privilegiada da sociedade, seja em termos econômicos ou em termos de agilidades físicas e cognitivas. Nós precisamos ter currículos e programas que proporcionem uma educação de qualidade para todos. Tendo como partida que os conceitos inclusivistas adotam, como não poderiam deixar a progressão continuada e a promoção automática. Devemos avaliar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente, na medida de suas necessidades, disse Ruy Barbosa. E é essa a essência da avaliação em uma Escola para Todos, pois cada pessoa possui um ritmo diferente e assim diferentemente avaliado.A formação do professor também não é especial, pois todos os professores devem ser especialistas. Especialistas nos seus alunos e não nas deficiências.O conhecimento científico permite ao educador elaborar o seu próprio currículo de acordo com o seu alunado e o contexto histórico-social, estabelecendo um planejamento flexível ao grupo e a cada criança em sua singularidade, utilizando-se de metodologias eficazes.A melhor formação dos educadores é a de que ele deve firmar-se numa transformação que possa englobar todas as crianças, com necessidades ou não. A inclusão não prevê a utilização de métodos e técnicas de ensino específico para esta ou aquela necessidade especial. Os alunos irão aprender até o limite em que conseguirem chegar, se o ensino for de qualidade e o professor ajudar.A inclusão, portanto:* estimula a solução de problemas;* respeita a faixa etária;* estimula o sentimento de ajuda;* estimula a troca de valores em todos os níveis;* estabelece que sociedade/Escola/Família=Trilogia do sucesso;* propõe a prática acima de teorias;* não é necessária formação especial dos envolvidos;* interrompe o processo de acomodação por inércia por parte de todos;* estimula professores a buscar alternativas pedagógicas;* nivela a todos em patamares mais humanizados de conduta;* estimula o senso de responsabilidade social.

2 comentários:

sinais do neocórtex disse...

Valéria,
Parabéns, suas idéias e colocações foram bastante elucidadoras, principalmente no que diz respeito à inclusão.Estou salvando seu blog para acessar muitas outras vezes.Silvânia Zeschotko Prof.Educação Especial Curitiba-PR
e-mail familyzes@gmail.com

Unknown disse...

Que blog maravilhoso colega,seria ótimo que professores visitassem seu blog, com certeza tirariam muitas dúvidas a respeito de inclusão.